quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

LIBERDADE! DEMOCRACIA!..... QUEM?

Surpreendente a reflexão causado pelo movimento grevista da Polícia Militar da Bahia.
Como lidar com esta situação nova, num cenário de degradação política e social de nosso país.


Nada pode, mas aos nossos olhos, tudo pode.


Saqueadores de gravata atacam os cofres públicos, que detém as finanças arrecadadas do suor do povo e se regalam com fortunas escondidas sob as fatiotas engomadas que transitam nos corredores do poder central.


Ninguém é punido!


O dinheiro roubado, não volta aos cofres públicos!


Bancos anunciam lucros recordes, na casa de dezenas de bilhões de reais.... mas falta dinheiro para a saúde.... para a educação de qualidade.... para a segurança!


Constroem-se obras faraônicas, com verbas públicas sim, pois isenção de impostos e outros incentivos fiscais também são dinheiro público, erigindo templos ao esporte mais popular do país.... “vamos lá, metamos a mão, pois não haverá fiscalização em nome da agilidade das obras”... enquanto isto ficamos estarrecidos quando vemos a dificuldade burocrática para a simples construção de um posto de saúde ou de uma escola em nosso bairro.


Do alto do olímpo jurídico do país, revestidos em suas togas talares, os deuses da jurisprudência anunciam: “Policial Militar não pode fazer greve, está na Constituição”. Também esta na constituição, senhores magistrados e todo poderosos ministros do judiciário, que o governo tem o DEVER de suprir o povo nas suas necessidades básicas: saúde, moradia, educação, segurança e, até o presente momento, não vi nenhuma manifestação dos senhores, quanto à responsabilização cível ou criminal dos incompetentes administradores públicos.


Vergonha é o que sinto quando, após mais de vinte anos de polícia, profissão que adotei como um sacerdócio, vejo o descaso e desconsideração nacional aos profissionais que diariamente dedicam suas vidas em benefício da vida “DE QUALQUER OUTRO CIDADÃO”.
Não podemos fazer greves... muito fácil fazer esta afirmação quando se está ancorado sobre um subsídio mensal de mais de vinte mil reais.


Engessados por regulamentos disciplinares do século passado, que visam unicamente à punição e cabresto sem assegurar nenhum direito; tratados como carreira de estado quanto ao direito de reivindicação, mas como escravos quanto à remuneração, somos os párias do poder executivo.


Difícil explicar para meus filhos porque, após mais de vinte anos de profissão, ainda recebo um salário inferior ao de um auxiliar administrativo ou servente do congresso nacional
Os governos se sucedem, os partidos mudam suas cores, o discurso de campanha é sempre o mesmo, a prática mais igual ainda. Não temos saída, estamos presos num círculo vicioso de poder, onde a alternância é somente da cor da bandeira, nas ações há uma continuidade.


Somos responsabilizados por nossa própria miséria: - “Não podemos comprometer a folha de pagamento... A lei de responsabilidade fiscal não nos permite atender a demanda da categoria.”
Belo discurso quando na prática o responsável pela miserabilidade dos policiais é o próprio governo que trata segurança como despesa e não investimento.
Enquanto isso vemos nossos jovens degradados pelo crack, vemos os índices de homicídios galopantes nas periferias cada vez mais centrifugadas e a miséria humana acampando na porta de nossas casas.


Na contramão deste raciocínio vemos um poder central que é capaz de movimentar quase 1.500 militares para “retomar” o centro administrativo baiano.
Tratam policiais como terroristas, isolam-nos sem água, luz e comida numa pressão psicológica jamais vista contra qualquer outro movimento reivindicatório de trabalhadores.
Esperamos esta mesma agilidade e tratamento quando ocorrerem invasões de terras e prédios públicos pelos “movimentos sociais” financiados pelos partidos que dominam o poder.
Também esperamos que os líderes destes movimentos, criminosos confessos e notórios, saiam de suas “manifestações”, presos em viaturas da Polícia do Exército, que há anos atrás era tratada, pelos atuais donos do poder, como símbolo da “ditadura militar”.


Triste contradição: você me torturou ontem e hoje eu peço para você resolver meu problema.


Vergonha, tristeza, revolta, indignação, todos estes sentimentos misturam-se e nutrem um novo sentimento, o da desesperança e incredulidade de que, nós que fomos formados e dedicamos nossas vidas para proteger a sociedade, agora somos tratados como bandidos fardados que só servem para consumir a folha de pagamento de governos que não se importa com os desvios e roubos institucionalizados.


Esta é a sociedade que criamos. Mas será este o governo que queremos.


Mas podem ficar tranqüilos que, enquanto os “especialistas em segurança” debatem a crise nas policiais, nós continuaremos a sair às ruas para proteger tudo aquilo que eles tentam destruir com a sua incompetência, mesmo que seja por míseros trocados no final do mês.